Caminho dos Veadeiros é uma Trilha de Longo Curso (TLC) para CAMINHADA e CICLOTURISMO que integra o Caminho dos Goyazes, no âmbito da Rede Brasileira de Trilhas e Conectividade. Com extensão prevista de 483 km para trekking e duas rotas para cicloturismo – ambas com mais de 400 km – seguindo no sentido Sul-Norte, tem seu ponto de início no município de Formosa, passando por Planaltina, Água Fria de Goiás, São João d´Aliança, Alto Paraíso de Goiás, Colinas do Sul e Cavalcante, sendo os quatro últimos parte da Chapada dos Veadeiros, que dá nome à trilha e inspira a marca da sinalização.

A trilha, reconhecida oficialmente pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima como um conector entre patrimônios naturais e culturais do Brasil, percorre trilhas, estradinhas e estradas que acompanham o dinâmico relevo da Serra Geral do Paranã e toda a sua variedade de paisagens e visuais, se tornando uma das trilhas mais cênicas do Brasil. A beleza do Cerrado, a imponência das cachoeiras e a simpatia e hospitalidade goiana farão dessa uma trilha e experiência únicas para o viajante, que poderá vivenciá-la a pé ou de bicicleta.

Percorrendo um dos mais importantes eixos de conexão de paisagens do Cerrado brasileiro, com a missão de conectar pessoas à natureza e à cultura local, está intrinsecamente ligado aos objetivos da Reserva da Biosfera do Cerrado pelo programa MAB – Homem e Biosfera da UNESCO. Inspirado em outras trilhas de longo curso no Brasil e no mundo, o Caminho dos Veadeiros será instrumento de lazer e recreação, de geração de emprego e renda e de conservação, conectando Unidades de Conservação (APA do Planalto Central, Parque Municipal do Itiquira, Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, APA do Pouso Alto e RPPNs) e consolidando um grande corredor ecológico entre o Distrito Federal e a Chapada dos Veadeiros de forma a proteger paisagens, espécies e serviços ecossistêmicos.

A construção do Caminho dos Veadeiros tem no voluntariado a sua força motriz e é fruto de discussões iniciadas em 2017 em fóruns e encontros específicos com participação da sociedade civil, órgãos públicos federais, estaduais e municipais, e instituições de ensino e pesquisa, incorporando novas e antigas ideias e projetos. As ações são coordenadas e financiadas majoritariamente por voluntários com apoio institucional e consultivo de órgãos públicos. Os recursos financeiros para a implementação têm sido obtidos por meio de campanhas de arrecadação de fundos nos grupos e da venda de adesivos e outros produtos.

Desde março de 2020 o Caminho dos Veadeiros conta com apoio do projeto ‘Concretização do potencial de conservação da biodiversidade em áreas privadas no Brasil (GEF Áreas Privadas)’, financiado pelo Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF), por meio do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (ONU Meio Ambiente), e executado pelo Instituto Internacional para Sustentabilidade (IIS), sob coordenação do Ministério do Meio Ambiente (MMA). Por meio do projeto serão apoiadas ações para estabelecimento definitivo da governança, elaboração do planejamento estratégico e implementação da trilha na região da APA de Pouso Alto.

A partir de 2022, o Caminho dos Veadeiros, juntamente com outras trilhas de longo curso, passou a ter sua implementação apoiada pelo Projeto Estratégia Nacional para a Conservação de Espécies Ameaçadas de Extinção (GEF Pró-Espécies). O GEF Pró-Espécies é financiado pelo Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF, da sigla em inglês para Global Environment Facility Trust Fund), sob a coordenação do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA). É implementado pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO) e tem o WWF-Brasil como agência executora. Entre os parceiros estão o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e 13 Órgãos Estaduais de Meio Ambiente.

Em 02 de dezembro de 2023 foi fundada a Associação Caminho dos Veadeiros (ACV), congregando os principais atores da sociedade civil envolvidos na implementação do Caminho. A ACV, além de detentora legal da logomarca do Caminho, é a instituição responsável pelo diálogo com os órgãos públicos e comunidades, gestão e divulgação das informações relativas ao Caminho e pelo manejo da trilha. Qualquer pessoa física e jurídica pode se associar e ajudar a manter a iniciativa (saiba mais aqui).

Coordenação e governança

A coordenação do Caminho dos Veadeiros é resultado do desenvolvimento orgânico do projeto, a partir de um pequeno grupo de pessoas interessadas que adotaram e levaram adiante a ideia da criação de uma trilha ligando o Distrito Federal à Chapada dos Veadeiros, no âmbito do Caminho dos Goyazes. Além das reuniões regulares da Coordenação, desde 2017 é realizado um encontro regional (Fórum) anual, que é o espaço para ampla participação de todos os voluntários e interessados, e tem como objetivos: a discussão e definição de traçado; a proposição de estratégias e ações para o ano subsequente; a definição dos coordenadores e suplentes das Coordenações Regionais e Grupos de Trabalho.

Atualmente o projeto é coordenado pela Associação Caminho dos Veadeiros (ACV) em parceria com o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros/ICMBIO. ACV e ICMBIO contam com o apoio do Conselho de Coordenação (CONCCV), para orientar os trabalhos de grupos locais chamados Coordenações Regionais (CR) – CR Formosa; CR Água Fria; CR São João; CR APA Pouso Alto; e CR Cavalcante – e dos Grupos de Trabalho Temáticos (GT): Comunicação & Design; Bike; Escalada; Pesquisa e Conservação.

O Conselho de Coordenação (CONCCV) é composto por: EcoBocaina; Associação Cerratense de Montanhismo (ACM); Associação de Condutores de Visitantes da Chapada dos Veadeiros (ACVCV); Associação de Condutores em Ecoturismo de Cavalcante e Entorno (ACECE); Associação de Guias de Ecoturismo e Meio Ambiente (AGEMA); Associação de Guias em Ecoturismo No Desenvolvimento Ambiental Sustentável (AGENDAS); Associação de Guias e Prestadores de Serviços em Ecoturismo da Chapada dos Veadeiros (SERVITUR); Universidade de Brasília (UNB), Associação Veadeiros; Associação Rede Brasileira de Trilhas (ARBTLC); Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMAD/GO), Goiás Turismo e as prefeituras de Formosa, Planaltina, Água Fria, São João d’Aliança, Alto Paraíso, Colinas do Sul e Cavalcante.

Sobre as Trilhas de Longo Curso

As trilhas de longo curso começaram como um aparelho de recreação e geração de renda para a população local através do potencial turístico. Atualmente são consideradas também como estratégia de conservação proporcionando a conectividade de paisagem, possibilitando a movimentação da fauna entre uma área protegida e outra trazendo entre outros benefícios maior variabilidade genética.
O projeto nacional de trilhas de longo curso, coordenado pelo ICMBio, definiu quatro eixos regionais: 1. Caminho dos Goyazes, entre a Serra Dourada próximo à Cidade de Goiás e a Chapada dos Veadeiros, passando pelo Distrito Federal; 2. Travessia Peabiru, do Parque Nacional do Iguaçu ao litoral paranaense; 3. Estrada Real, que deve possuir uma trilha em paralelo à estrada já existente; e 4. Oiapoque – Chuí, que pretende unir o país de Norte a Sul, com a conexão das várias trilhas regionais.

 Conforme definição do ICMBio, para os quatro eixos regionais, os caminhos serão implementados de sul ao norte, considerando o objetivo de desenho dos traçados maiores com a perspectiva de coleção de paisagens e começando pelas unidades de conservação, com a expectativa de movimento natural de pressão dos caminhantes para a conexão dos trechos implementados e sinalizadas. Para as propriedades e comunidades, ao longo do caminho, surgem oportunidades de geração de emprego e renda e o desafio da preservação, oferecendo serviços e atratividade para visitantes.

Os aspectos culturais e históricos representam outro interesse estratégico dos caminhos, com o objetivo de valorizar a história local, resgatar o modo de vida, o modo de viajar e as formas de relacionamento das pessoas com o ambiente. Nesse contexto também é ressaltada a importância do mapeamento dos atrativos naturais, inspirando os visitantes e fortalecendo a identidade local no caminho da preservação.

A participação da sociedade nesse processo é de suma importância, desde a compreensão dos interesses envolvidos até a ideia de pertencimento e participação no processo de concepção e implementação. Pensando nisso, o ICMBio, dando início ao processo de construção do Caminho dos Goyazes, realizou, em outubro de 2017, em Brasília, reunião com representantes dos Governos de Goiás e do Distrito Federal, segmentos da sociedade civil e interessados. Na ocasião, o sistema de trilhas foi apresentado e os participantes convidados a integrarem a gestão e construção das trilhas regionais, dentre elas o Caminho dos Veadeiros.

 Em 19 de outubro de 2018 MMA e MTUR publicaram a Portaria Conjunta 407/2018, instituindo a Rede Nacional de Trilhas de Longo Curso e Conectividade – RedeTrilhas, de forma a promover a conexão entre Unidades de Conservação, paisagens e ecossistemas naturais. A medida também tem o intuito de reconhecer e proteger rotas pedestres de interesse natural, histórico e cultural, além de sensibilizar a sociedade para a importância do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC).